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NIN apresenta o significado da banda na década de 2010, com uma sonoridade nostálgica e futurista.
Eu sou um fã imenso de Nine Inch Nails e os trabalhos solo do Trent Reznor. O primeiro projeto da banda que eu tive o prazer de escutar foi o WITH_TEETH lá por 2013, e desde então eu consumo com uma certa frequência certos álbuns. E um que me surpreende nessa rotação de álbuns é esse, o ADD VIOLENCE. O segundo EP numa trilogia de lançamentos que ocorreram em 2017, uma decisão pelo Reznor que eu não compreendo muito bem até hoje. De certa forma esse e o NOT THE ACTUAL EVENTS são EPs irmãos, enquanto o BAD WITCH tá mais pra um irmão adotivo esquisito que gosta muito do seu saxofone (e é o meu favorito da trilogia).
Lembro também de algumas postagens do Reznor em um fórum, aonde ele critica ativamente como os serviços de streaming posicionam álbuns, e justamente por conta disso o EP seguinte acabou se tornando um "álbum" assim por dizer, além de gentilmente pedir pra um usuário que criticou ele chupar um pirulito.
Elaborando mais no aspecto dos EPs serem "irmãos", é muito mais em como eu re-interpreto esses três projetos hoje em dia. NOT THE ACTUAL EVENTS é o "passado" da banda, uma sonoridade mais pesada só que com uma grandiosidade única, pegando elementos específicos da primeira década dos anos 2000, ou seja, do Still, With_Teeth e Year Zero, enquanto o ADD VIOLENCE acaba lembrando mais a estética do HESITATION MARKS, o único álbum da banda na década de 2010 até a publicação desses EPs. É um som mais melancólico e necessariamente mais amadurecido, refletindo o quão necessária é uma banda igual ao NIN.
Less Than abre o projeto, e é uma faixa fantástica. Mostra exatamente que o Reznor consegue fazer uma faixa divertida e interessante, meio pegajosa com os refrão e a forma que ele canta o "What are you waiting for!? You got what you asked for!" é muito, muito bom. Lembra muito a faixa Copy Of A, e não me surpreenderia se ele tivesse composto partes dela durante as sessões do Hesitation Marks.
Me surpreende um pouco como The Lovers é imediatamente mais atmosférica e sutil com os instrumentos. É aqui que um dos reflexos do EP anterior começam a surgir. Na faixa Dear World, uma das frases repetidas é "Yes, everyone seems to be asleep", enquanto aqui é "everyone seems to be asleep but me". É uma faixa que parece flertar com o uso de drogas novamente, talvez uma "recaída" de certa forma, enquanto o refrão extremamente sutil mas satisfatório de "Take me into the arms of the lovers" me faz só imaginar como aquela uma cena do NIN em Twin Peaks seria se essa tivesse sido a faixa de escolha.
Potencialmente minha faixa favorita desse EP é a This Isn't The Place. O instrumental lembra muito a Underneath It All do THE FRAGILE, enquanto o curto texto nela é emocionante e dá uma sensação muito forte de como lidar com a perda de alguém querido, seja um amante, familiar ou um amigo de fato. "And if you see my friend, and I thought I would again / I thought we had more time"... eu penso muito nesse texto, é simples, curto, e extremamente eficiente.
É curioso como um álbum que chama ADD VIOLENCE não tem tantas faixas violentas de fato. Até você chegar na Not Anymore, pelo menos. Essa é quase uma consequência ativa da The Lovers, uma reação agressiva e dissociativa, aonde o lírico não sabe dizer se está dormindo ou não, e se questiona se ele está perdendo a própria identidade no meio tempo. A sensação de labirinto que os momentos finais da faixa trazem são perfeitos também, facilmente poderia se passar por uma faixa do Year Zero se tivesse uma sonoridade menos industrial e mais eletrônica.
....Agora vamos pro elefante rosa e extremamente longo aqui presente. The Background World.
Eu amo o conceito dessa faixa. E vou enfatizar de novo, o conceito.
A ideia do loop intermitente, que gradualmente fica mais e mais distorcido e com o chiado denegrindo a estética da faixa é algo brilhante e extremamente ingênuo. São coisas que eu vejo sendo feitos em outros projetos como Everywhere At The End Of Time com uma maestria perfeita.
Infelizmente, The Background World não é isso. Eu adoro o começo e o meio da faixa, são ótimos e concluem bem essa "história" presente nos dois EPs. Essa sensação de um labirinto e um loop infinito são extremamente bem vindos.... mas ter que lidar com uma faixa de quase DOZE minutos, sendo que ao menos metade da faixa é só esse loop é muito dolorido. Talvez a melhor solução seria fazer o que ele fez no Hesitation Marks, que é separar a While I'm Still Here da Black Noise, e possívelmente encurtar essa degeneração da faixa em si.
Isso tudo sendo dito, eu entendo esse projeto não ser tão bem apreciado quanto outros da banda. É possívelmente o mais difícil dessa trilogia para se compreender e lidar, mas ao mesmo tempo é um que mostra o futuro que o Reznor gostaria de seguir com a banda bem na frente. Naturalmente, esse ângulo mais uma vez se desfinharia com a conclusão no BAD WITCH.
Extremamente essencial para fãs de longa data de NIN/Reznor.
Faixas Favoritas: Less Than, The Lovers, This Isn't The Place, os 4 primeiros minutos de The Background World
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